segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A própria poesia...



A mulher é a poesia mais viva e exuberante que existe...
Ela é real, palpável e inigualável.

(((Camila Senna)))


Fulana de Tal

Inspirado na Instalação do artista plástico
Domi Júnior do Projeto do Imaginário Periférico
em +-2004 em Três Corações Nova Iguaçu.
O nome da obra era : 
"Fulana de Tal".

 -

Vivi sempre debaixo da mesa
Ali estava toda minha existência
E toda minha sabedoria
Eu e as cadeiras retorcidas
coexistíamos na periferia de meus
sentimentos.

Eu era qualquer uma fulana de tal
E o teto da mesa
Era meu céu de copos coloridos
A cair sobre mim
Alienados dançavam na minha dor
O meu mundo de fundo guardava
No salto alto de um sapato esquecido.
Lembranças alegres dos discos
E quando todos saiam
Eu calçava-os
Eu reinava
Sob e sobre todas as coisas
Sem nenhuma amargura
No doce do tempo infinito
Eu virava a mesa.


(( Ivone Landim ))

Furta cor...




Acredito piamente que o nome dela é primavera...
Quimera? Não, não, se for, é o absurdo mais lindo, mais forte, ao mesmo tempo mais doce que minha vida já viveu para ver...
Quem?
Aquela mulher? Sim, ela mesma!
Que passa o ano inteiro segurando as pontas daqui, dali...
E ainda assim, está sempre a sorrir,
E ainda assim, está sempre a florir,
Cuja flor, a mais valiosa que já vi...
Cuja cor, é furta cor...
A cor de todas as mulheres!



((( Camila Senna )))
 

terça-feira, 16 de novembro de 2010

          Mãe

Acolher é morrer a cada dor do filho
Vindo ou parido
Mãe não escolhe a semente
mãe é óvulo e sêmem
Sendo ou não uma sentença

Mãe diz que discorda
e mesmo assim dá corda
Para seus filhos brincarem
de amarelinha

Ivone Landim

sábado, 13 de novembro de 2010

Jardim de Clitóris

Na tela em branco do meu jardim
Há uma vagina
que em mim é toda espera
Envolta estão as coisas
que você vê e pinta
Pequenas flores coloridas
Buquê de clitóris surrealista.


(((Ivone Landim)))

Herança

Mãe Preta contava histórias
Pros seus pequeninos dizia
Que a dor só é dor quando
Não se é compreendida

Mãe Preta sentava nos intervalos
Do fardo no banco rústico de seu
Descanso, os pés em pranto

Dizia que a dor fabricava guerreiros
Mãe Preta
Mãe Preta

No riso o tempo distante consolava
Os pequenos e as pequenas
Fios e fias da senzala
Que no choro e no medo amanhecia
No olho o elo do passado
Com o futuro da alforria
Mãe Preta vigiava pra dar
Esperança e alegria
E em seu coração a saudade
E a revolta ficavam de longe cansadas
Só os fios do tempo em Mãe Preta
Iam ficando brancos

(((Ivone Landim)))

Sedução

Canto o homem de meus desejos
e para ele mando flores, faço versos, sopro estrelas
mando chocolates e mastigo o beijo
Abro a boca do céu

Eu canto o homem de meus desejos

Desagua minha vagina
no homem de minhas esquinas

O homem dos meus desejos

não faz esforços
Pois canto o amor que em mim é tanto
e o sexo que em mim é tântrico

Tudo e nada mais é para o homem dos meus encanto...



((( Ivone Landim )))

Apresentação do Grupo Feminino da Baixada Fluminense "Fulanas de Tal".



Para todos os interessados em humaninades, sejam homens ou mulheres... Estamos dando forma a um coletivo feminino com objetivos bem diversos mas com um olhar feminino, carinhoso, atento e sagaz que promete mobilizar vontades e sacudir algumas verdades!
Nasce aqui o Grupo feminino “Fulanas de Tal”.
Chegamos ao consenso que um olhar feminino se faz necessário nesse momento em nossas artes e nas artes que inventamos em conexão com várias outras pessoas na melhor intenção de nutrir vontades.
Mulher é assim: nutre.
Por excelência a mulher nutre ou quer nutrir...
Não só seus filhos legítimos ou não, mas nutrir a todos que ama, nutrir também o mundo em que vive.
Suas palavras, suas ações às vezes tão rotineiras, suas previsões, suas esquisitices e a sabedoria que envolve desde a menina até a senhora tudo isso é alimentar o outro, é se fazer presente, pilar forte, compania!
A idéia inicial é dar as mãos, à mulheres que querem fazer ou que está que está fazendo algo sozinha, quer fazer por outras ou que se encontra calada , em dúvida, incerta e que tem com certeza em seu íntimo uma colaboração única para esse grande quebra cabeça que é a voz feminina em nossa sociedade.
Precisamos ouvi-la, confirmá-la , repeti-la e até contestá-la! Mas deixar calar? Não.
Por isso um espaço físico ou não, estaremos por aqui para acolher cada voz, cada certeza , cada peça e mudar todo tempo a configuração desse desenho feito à várias mãos, colorido, multicultural e com certeza fervilhante!



((( Gabriela Boechat)))